Com muito alto astral e uma deliciosa fusão rítmica, o Jota Quest se tornou uma das bandas mais queridas do Brasil. Os músicos Rogério Flausino, Marco Túlio, PJ, Paulinho Fonseca e Márcio Buzelin são ícones absolutos do pop que é feito no país, com cerca de vinte anos na bagagem. Em pleno 2013, os mineiros resgatam um quê da disco music, gênero que foi uma das suas primeiras influências, para “boombar” nas pistas o novo álbum de inéditas, "Funky Funky Boom Boom".

“Não sabemos se o cenário está bom agora, como não sabíamos se estava em meados dos 90, quando nos lançamos”, comenta a banda sobre o apelo da disco no mercado atual. “O fato é que a boa musica, pra dançar ou pra pensar, terá sempre lugar na vida das pessoas.Nossa função como artistas é compor, gravar e sair por aí divulgando e tocando o som que a gente acredita e deixar rolar”, explicam, em exclusividade pro blog do YouTube.

Que tal acompanhar o movimento do Jota Quest, de volta para o futuro, na entrevista abaixo, e ouvir tudo no YouTube Trilhas?

YouTube – Há quanto tempo vocês acompanham a levada alto astral do guitarrista Nile Rodgers? 


Jota Quest – Nossa relação com Nile Rodgers começa com a paixão pelos álbuns clássicos de sua banda, o Chic, um dos pilares da disco music, onda que dominou as pistas de dança e as rádios de todo o mundo no final dos 70, início de 80. Nesta época éramos crianças ainda, porém no início dos 90, Paulinho e Pj se juntaram ao Marco Túlio e Márcio na intenção de montar uma banda nova e "diferente" do que ambos já haviam tido. Foi nessa época que fomos mordidos pela black music e suas subdivisões como o funk, soul, o r&b e a disco music. A dupla Nile Rogers na guitarra e Bernard Eduards no baixo criaram juntos grooves imortais que vieram a nortear tudo que se chamaria depois de dance music e suas sub-divisões. Músicas como "Le Freak", "We Are Family" e "Good Times" são imortais.


YT - Vocês já tinham pensado em convocá-lo para a parceria na faixa “Mandou Bem”?

JQ - Na verdade, isso sempre nos pareceu muito distante, principalmente entre 93 e 99, anos em que nos dedicávamos exclusivamente. De lá prá cá muita coisa aconteceu com a gente. A banda cresceu muito, passeamos por outras influências até que começou a bater uma saudade de quando tudo começou e de repente estávamos ali, em SP, dividindo uma noite com um dos nossos mestres... Foi como um sinal. A este (re-)encontro com Nile, devemos este nosso retorno.

YT – Rogério: Se você fosse o DJ de uma grande festa, quais novos sons levaria nas mangas?


Rogério Flausino – Das mais atuais, com certeza as do Bruno Mars, Daft Punk, The Black Keys e Justin Timberlake.

YT – Cite 10 guitarristas que vocês sempre beberam nos riffs?


JQ: Sem ordem, listamos abaixo:

 - Nile Rodgers
- Jimmy Page
- Brian May
- Keith Richards
- Prince
- Jimi Hendrix
- Jack White
- Dan Auerbach
- Pepeu Gomes
- Lulu Santos

YT – Quem são os principais responsáveis pela dose de soul no Jota Quest?


JQ – Das nacionais, devemos citar as referências do Tim Maia, Jorge Ben, Cassiano, Hyldon, Banda Black Rio, Azimuth, Ed Motta e Sandra Sá. Já das internacionais, não ficam de fora o Chic, Earth Wind and Fire, Sly & The Family Stone, Stevie Wonder, Michael Jackson, The Brother Johnsons, Kool & The Gang e Jamiroquai.

YT –  Além de beber na essência do funk soul nacional, o Jota Quest se interessa pela cultura do baile funk? Cite cinco grooves clássicos que transitam nesse meio. 

JQ – Na verdade, pra quem não sabe, o embrião do "Funk Carioca" foram os "Bailes da Pesada", que rolavam na periferia do Rio de Janeiro, sob a batuta do DJ Big Boy e do Mc Elimar, no inicio dos anos 70, precursores dos bailes de black music no Brasil, antes mesmo da chegada da Disco Music. O Funk Carioca, pra mim, é uma mistura da batida do "Miami Bass" do fim dos 80, com uma levada de samba embutida. É a música nova do morro que já tem mais de 20 anos... (risos). Vamos lá:

1- “Gostava Tanto de Você” (Tim Maia)
2- “A Procura da Batida Perfeita” (D2)
3- “Rio 40 Graus” (Fernada Abreu)
4- “Tal Mahal” (Jorge Ben Jor)
5- “Na Moral” (Jota Quest)


YT – Depois de reverenciar o Cazuza no Rock In Rio, poderia contar qual a influência mais marcante do compositor pro Jota Quest?

JQ – O Cazuza , ao lado Barão, e também da Legião Urbana, dos Titãs, dos Paralamas, do Lulu, do Lobão e toda aquela galera incrível dos 80, foi pra nossa geração, o que a Tropicália e a Jovem Guarda "juntas", foram para a geração anterior. Essa galera moldou o intelecto da gente e definiu comportamentos num momento em que o Brasil vivia uma abertura, depois de anos de repressão.

YT – Como o Jota Quest protesta através da sua música?

JQ – Nossas canções de protesto são, na sua maioria, críticas sociais bem-humoradas. Tem uma inclusive, do álbum “Até Onde Vai” (2005) que se chama "É Rir Pra Chorar" (risos)... As mais famosas são: "De Volta Ao Planeta" (1998), "Oxigênio", "Todas as Janelas", "La Plata", "O Grito", "Paralelepípedo" (2009) e, mais recentemente, "Tudo Esta Parado" do CD/DVD Folia & Caos (2012).