Estreamos nesta semana o projeto YouTube Trilhas para que você possa mergulhar nas diversas facetas de grandes nomes da música brasileira. Além dos bastidores da carreira, o canal YouTube Apresenta oferece um passeio completo pelas influências, discografia, shows e curiosidades de cada banda. As playlists foram criadas pra você ver, ouvir, explorar e ter uma experiência única com a música do seu ídolo.

O primeiro convidado a revelar os caminhos de sua estrada para o “YouTube Trilhas” é o Emicida, um dos rappers mais celebrados do País. O músico acaba de lançar seu primeiro álbum de estúdio, “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui”, recheado de participações especiais como as de Pitty, Tulipa Ruiz, Preto e Wilson das Neves, e está em grande momento.
Percorrendo as trilhas de uma vida dedicada ao rap, ritmos brasileiros e muita poesia, Emicida recebeu o YouTube para um bate-papo exclusivo, que você confere abaixo.
YT –  Você recebeu convidados variados no álbum, como a Pitty, o Wilson Das Neves e o Mc Guime. Como foi criar um elo com todos eles através do rap?
Emicida – O rap é uma música que dialoga com todos os gêneros. Naturalmente, ele nasce de um sample, nasce de uma outra música, e se mistura. Pra mim, foi simples de fazer isso, pois eu não tenho uma visão radical, eu quero sempre me aproximar de outros estilos. Depois de selecionar as pessoas que eu admiro, escolhi quem me auxiliaria a construir uma história da maneira mais rica possível. Eu nunca tinha gravado com a Pitty, Juçara ou Guime, mas já tinha encontrado com eles no palco, nos rolês. Agora, formalizamos a nossa afinidade dentro do estúdio.






YT – Como o bom humor da música de Roberto Carlos, Noel Rosa e Lupicínio foram parar no seu disco?
Emicida – A leveza bem humorada é uma característica da música brasileira. Até quando a narrativa é triste, ela carrega uma beleza dentro. Quando eu fiz o “Hino Vira-Lata”, busquei contar a história com a pureza que o samba conta. Essa é uma busca poética que eu tenho e quero pra minha vida toda. Vou tentar aproximar a minha poesia da poesia do Cartola, Adoniran, Moreira da Silva, que são compositores que tinham o dom de falar de assuntos sérios e também sabiam rir de si mesmos. Quero poder contar a história do cotidiano sem ser factual e ficar preso na realidade. O grande lance do artista é conseguir ser real ou fictício quando der na telha.




YT - A faixa “Gueto” traz um bass imponente e remete ao trap, novo gênero que mistura rap com graves fortes e funk. Você gosta de descobrir tendências musicais na web?  
Emicida - Uma vez eu quase fiz um lance de dubstep, mas isso foi quando o gênero ainda nem estava tão em alta. Já faz um tempo, era o grime que tava pegando mais. Hoje eu poderia ter um projeto específico nessa linha com o Leo Justi, que é um cara muito criativo


YT – Quem são os novos artistas que você recomenda de olhos fechados?
Emicida – Tem muita gente boa por aí, vou falar alguns nomes como Ogi, Flora Matos, Flo MC, Rael, Dom L, Rafuagi e Rashid.  




YT –  Quais as mulheres do rap e da música em geral que você sempre escutou?
Emicida – São inúmeras. Elis Regina (foto), Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Clara Nunes, Fabiana Cozza, Leci Brandão, Beth Carvalho, Alcione e Eliana de Lima. Vixe. Essa última é roots, ela eu fui buscar bem na raiz, agora. Das rappers, a mais brava de todas hoje é a Flora Matos. Ela é muito acima da média aqui no Brasil. Outra menina nova que vai acontecer se fizer tudo direitinho é a Tassia Reis.
YT –  Cite os 5 videoclipes que mais te influenciaram.
Emicida – Acho que o primeiro videoclipe que eu vi na minha vida foi “Wishing On A Star” do Jay-Z. É lindo porque mostra a síntese do sonho de se fazer música pra quem mora no gueto. E eles passaram isso de forma muito bacana. Os outros clipes são “ThuG Nation” do 2Pac, “Suit & Tie” do Justin Timberlake com o Jay-Z, “One Mic” do Nas, e ”Vika Loka” do Racionais MCs.  
YT – Você aprecia os repentistas do Nordeste e tem planos de gravar com algum?
Emicida – Sim, muito. O violeiro Oliveira de Panelas é um cara fantástico. É poesia viva. Gosto muito do Caju e Castanha, que são bastante conhecidos e representam bem o repente. Outra dupla que eu faria um som junto qualquer hora seria o Peneira e Sonhador. Pode rolar a qualquer momento.

YT – Como você enxergou que o YouTube era a plataforma ideal para se conectar com seus fãs?
Emicida - Noto há muito tempo que as pessoas usam o YouTube também como uma rádio, sem ter o locutor entre as faixas. Como plataforma principal da minha divulgação, o YouTube tem uma força impressionante. O vídeo dialoga com as pessoas de forma muito rica.  


YT – Quais são os próximos passos do Laboratório Fantasma?
Emicida - Vamos colocar a turnê na rua e depois penso muito em lançar um livro. Quero voltar a escrever e desenhar coisas que não são música. Também vou me dedicar aos quadrinhos, mas isso virá depois, na hora certa. A nossa loja tá com produtos novos e eu gosto de participar da parte que é chata pra muita gente, mas eu me divirto, que é a parte da gestão e distribuição.
Gostou de seguir os caminhos do Emicida? Ouça já todos os passos de sua trajetória com as playlists do YouTube Trilhas, onde a música acontece.