Na semana passada, iniciamos uma série de blogs (página em inglês) com a WITNESS, organização de treinamento e de defesa de vídeos de direitos humanos. A série destaca o papel do vídeo on-line na defesa dos direitos humanos. Ainda que ativistas de todo o mundo tenham demonstrado o poder do YouTube enquanto ferramenta de alerta de violações de direitos humanos, esse tipo de atividade cria novos riscos (página em inglês), tanto on-line quanto off-line. Esta postagem tem o intuito de ajudar você a maximizar o efeito de seus vídeos sobre direitos humanos e, ao mesmo tempo, de proteger aqueles que você quer ajudar, além de garantir que os seus vídeos não sejam removidos do YouTube.

Antes de começar a gravar o seu vídeo, avalie os riscos, entenda seu público e desenvolva sua mensagem. Esta breve animação, parte de uma série (vídeo em inglês) da WITNESS, vai ajudar você em sua preparação:

Um dos pontos mais importantes na criação de vídeos de direitos humanos é a proteção das pessoas expostas. Antigamente, videomakers conseguiam controlar, ao menos relativamente, o alcance do seu público. Hoje em dia, parte-se do princípio que se um vídeo de direitos humanos está na rede, é uma questão de tempo até que os agressores o descubram. Sendo assim, é sempre melhor obter o consentimento expresso (página em inglês) das pessoas que serão filmadas. Essa anuência explícita indica que elas compreendem as possíveis consequências negativas de aparecer no seu vídeo. Você também pode borrar ou escurecer rostos, dificultando o reconhecimento da identidade ou a localização de alguém. Isto é importante: as autoridades de Mianmar, por exemplo, identificaram e prenderam ativistas a partir de um vídeo on-line (página em inglês) de protestos. Veja, a seguir, um bom exemplo de como proteger a voz e o rosto de um entrevistado de uma organização de direitos humanos de Israel:

Mas você não precisa ter um software de edição para proteger a identidade de alguém. Você também pode fazer uso de outros métodos, como a contraluz:

Depois de lidar com as questões éticas e de segurança do seu vídeo, é preciso pensar na distribuição. Em alguns casos, não importa realmente quantas pessoas vão assistir ao seu vídeo, e sim quem vai assistir. Ativistas do mundo inteiro usam o YouTube para postar vídeos de defesa dos direitos humanos, mas, em alguns casos, essa ferramenta pode não ser a melhor ou a única escolha. É possível obter resultados mais efetivos sem expor as imagens publicamente, apenas ameaçando divulgá-las. Também é possível optar por uma exibição local, sem colocar o vídeo completamente on-line. 
Dito isto, seu potencial de atingir um enorme público on-line é uma grande vantagem. Caso decida postar o seu vídeo de direitos humanos no YouTube, leia com atenção as nossas diretrizes da comunidade para saber que conteúdo é permitido no site. Apesar de não ser aceito conteúdo violento ou explícito no YouTube, há exceções para material de natureza educativa, científica ou documentária. A análise do conteúdo sinalizado por nossa comunidade tende sempre a se direcionar em favor da liberdade de expressão, ainda que sejam impostos limites com o intuito de garantir que o site permaneça uma plataforma segura e ativa para a discussão de ideias. Compreender o contexto de seu conteúdo, assim como sua intenção original, é muito importante para a nossa equipe. Veja, então, algumas dicas de como proteger os seus vídeos para que não sejam removidos do site.

  1. Acrescente o maior número de informações contextuais possível. Nomear adequadamente é a melhor maneira de contextualizar seus vídeos. Quando a nossa equipe analisa o conteúdo sinalizado, títulos com palavras simples, como “direitos humanos" ou "abuso da polícia", nos ajudam a compreender o contexto das imagens do seu upload. Procure acrescentar informações específicas na descrição: quem aparece no vídeo, o que, onde quando e por que a ação aconteceu. Também é possível adicionar estas informações diretamente no próprio vídeo, a partir de nossa ferramenta de anotações.
  2. Obtenha o consentimento. Como já foi mencionado, é importante obter o consentimento expresso das pessoas filmadas. Se alguém sinalizar o seu vídeo reclamando por ter aparecido nele, as imagens poderão ser removidas, especialmente se a pessoa não for uma personalidade pública, estiver em um local privado ou se houver outras reclamações de assédio.
  3. Conheça as leis regionaisEm virtude do alcance global da plataforma do YouTube, nós obedecemos a diferentes legislações nos vários países nos quais atuamos (para saber quais são esses países, vá ao rodapé do site YouTube.com e clique em "Global"). Se o conteúdo do seu vídeo for considerado ilegal em algum desses países, nós precisamos obedecer aos procedimentos legais do local. Isso quer dizer que na Tailândia, por exemplo, não serão exibidos vídeos que desrespeitem o rei, assim como serão removidos, na Alemanha, todos os vídeos simpatizantes do nazismo. Compreenda as leis regionais antes de fazer o upload.
  4. Saiba o que são direitos autorais. É importante que você entenda bem a nossa política de direitos autorais. Se alguém reivindicar o seu vídeo, talvez por acreditar ser o proprietário da trilha sonora ou das imagens, você pode enviar uma contranotificação. Ainda que não seja o papel do YouTube julgar o uso justo de conteúdo, a WITNESS recomenda a leitura deste guia útil (página em inglês), que traz dicas de boas práticas relativas a vídeos on-line. Há também certas considerações éticas (página em inglês) sobre a remixagem de imagens sobre direitos humanos. Muitos criadores de conteúdo licenciam seus materiais em vídeo e em áudio para reutilização com licenças do Creative Commons (página em inglês).
  5. Mantenha contato conosco. Queremos ouvir você. Se você acha que hackers invadiram a sua conta, por exemplo, visite a nossa Central de Ajuda e nos avise, para que possamos investigar. Nós também acompanhamos os vídeos com notícias de última hora no CitizenTube (página em inglês), nosso blog sobre notícias e política. Envie-nos o link para o seu vídeo nos comentários abaixo ou mande um tweet para @citizentube.

    Steve Grove, Gerente de Notícia e Política do YouTube, e Sameer Padania, da Witness